Os Cinco Desafios Municipais

Uma cidade para evoluir e oportunizar a sua população o que ela mais deseja, ou seja, qualidade de vida, precisa ser pensada e planejada. A Agenda 2020 do RS está convidando prefeitos e lideranças de entidades de classe para participar do evento denominado Os Cinco Desafios Municipais, que vai ocorrer no dia 26 de novembro, no Teatro do Sinduscon, em Porto Alegre.

Programação:

14:30 – Apresentação da pauta – Voluntário Cláudio Inácio Bins

14:40 – A Responsabilidade da Sociedade – Voluntário Jorge Gerdau Johannpeter

15:00 – Apresentação dos 5 DESAFIOS MUNICIPAIS AGENDA 2020

O Desafio Inovação – Voluntário Júlio Ferst

O Desafio Educação – Voluntárias Mariza Abreu e Simone Bittencourt

O Desafio da Infraestrutura – Voluntário Paulo R. Menzel

O Desafio Segurança – Voluntário Everton Marc

O Desafio Saúde – Voluntário Antônio Quinto

16:00 – Agendas no interior – Voluntário Marcos Kayser

16:10 – A palavra do Vereador – Presidente da Câmara Municipal de POA Mauro Zacher

16:20 – A palavra do representante dos prefeitos do Interior – Prefeito Cezar Schirmer

16:30 – A palavra do presidente do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano – Prefeito Jairo Jorge

16:40 – A palavra do prefeito da Capital – Prefeito José Fortunati

16:50 – Entrega dos 5 Desafios Municipais aos prefeitos presentes

Os interessados devem confirmar presença pelo telefone: 33429996. Do Paranhana os prefeitos de Igrejinha, Joel, e de Três Coroas, Chéio, já estão confirmados.

Aspectos do nosso tempo

Atendendo um pedido da minha filha que se prepara para o vestibular de medicina (e que a sorte também a ajude, já que dedicação ao estudo não lhe falta), fiz um pequeno apanhado sobre alguns aspetos que marcam nossa sociedade contemporânea. Apanhado que tiro das leitura que faço de alguns filósofos, dentre os quais Baumann e Lipovetsky, e da minha experiência de vivente.  Vivemos no que chamam de pós-modernidade, nome que parece ser transitório, seguindo uma das características desta época: a transitoriedade. Tudo é destacartável, substituível por algo novo. Época da economia de mercado, onde tudo tem seu preço , inclusive bens inegociáveis, como a própria intimidade. Na semana passada uma jovem brasileira leiloou seu corpo arrematado por 1,5 milhões por um japones que comprou o direito de tirar a sua virgindade. O poder se determina por quem mais acumula dinheiro e patrimônio. Pode mais, quem tem mais, e quem já tem muito, quer ainda mais. O consumo não tem saciedade e parece ser a principal fonte de felicidade. Felicidade que não é mais um estado de prazer, alegria ou satisfação compartilhada com outros, mas é uma busca individualizada que nunca chega ao objeto sonhado, tamanha a insaciedade. E na dita pós-modernidade tudo é efêmero e temporário, incluso as relações pessoais. Quando o indivíduo se vê diante de um desafio mais pesado, que demanda uma alta carga de responsabilidade, não raramente, recua e se volta para uma outra opção de mercado. Sim porque o mercado tem as mais diversas opções, com os mais variados preços e forma de pagamento. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades “auto-evidentes”, como cita Bauman. Com esta volatilidade, tudo que é de longo prazo não tem vez para se estabelecer e enraizar. Entidades não se consolidam, lideranças e referenciais não se firmam. Resultado: carência de engajamento e líderes no mundo todo.  Outra carência é o tempo. Apesar da tecnologia dar agilidade, além de manter tudo conectado, falta tempo até mesmo para se estar com quem mora ao lado, e aqui me refiro aqueles que moram conosco em casa ou na cidade.  Se fosse para escolher um dos dilemas do nosso tempo, eu escolheria a dificuldade em tratar da intimidade. Será por falta de tempo? Ou por comodidade?

Marcos Kayser

Quando o trabalho pode virar lazer

Reportagem da Zero Hora neste domingo, mostrou o quanto trabalham os gaúchos. Segundo pesquisa coordenada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Rio Grande do Sul é o segundo estado brasileiro com o maior número de pessoas, cuja jornada de trabalho semanal ultrapassa 49h. O estado aparece com 19,8% de trabalhadores acima desta carga horária, enquanto que o primeiro colocado é Mato Grosso com 20,7%. Lembrando que este Estado foi colonizado por gaúchos. A média entre os Estados brasileiros é de 15,9%.  Outro dado relativo ao trabalho é que no RS há mais pessoas em idade ativa efetivamente trabalhando. Os números comprovam a fama do gaúcho de trabalhar muito, o que necessariamente não garante  as melhores compensações financeiras. Trabalhar mais em horas não é sinônimo de produtividade, fazer mais e melhor com menos, entre outras palavras. O trabalho dos gaúchos gera menos riqueza do que o de paulistas, fluminenses e catarinenses, conforme levantamento da revista britânica The Economist.  O perfil da economia no RS, formada por muitas empresas familiares, também ajuda a explicar as longas jornadas: o pequeno empreendedor e sua família não batem cartão nem negociam horário com o chefe, mas trabalham enquanto houver cliente – explica Lúcia Garcia, coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese. Essa realidade é mais clara no setor de comércio e serviços. Se para muitos, trabalhar parece ser um sacrifício, para outros, dedicar a metade do dia ao trabalho é um prazer, um gozo. O êxtase é trabalhar prazerosamente, fazendo do trabalho uma espécie de lazer, o que não é ficção! Se em dado momento de ócio, quando estamos sem nenhum trabalho por e para fazer, decidirmos trabalhar, por livre e espontânea vontade, estamos diante da possibilidade do trabalho ter virado lazer, ou isso estará muito próximo de acontecer.

Curiosidades das eleições no Paranhana

As eleições municipais deste ano, se comparada com a história recente das eleições no Paranhana, revelam algumas curiosidades. Em Taquara, mais uma vez, o partido que governa não consegue se reeleger, fato que se repete há muitos mandatos. Em Três Coroas, acontece o inverso, o partido que governa já está no poder há mais de uma década. Entre os seis municípios do Paranhana, três partidos conseguiram se manter no poder, o PMDB, em Três Coroas, o PDT, em Rolante, e o PSB, em Riozinho.  Outro fato curioso, é que nenhum partido se repete no cargo máximo do governo entre os municípios do Paranhana.  Além dos três municípios que citei anteriormente, em Taquara, venceu o PTB, em Igrejinha, o PP, e em Parobé o PT, ou seja, cada cidade um partido diferente. Parobé é o primeiro município da região que terá um prefeito do PT, partido do governador do Estado e da presidente do país. Titinho como prefeito em Taquara acredito ser o primeiro caso de um filho de ex-prefeito assumindo o cargo (dna. Arlete deve estar faceira). Se não estou enganado, Taquara terá o primeiro negro a ser eleito para a Câmara de Vereadores. Lembrando que pela década de 80, Natalino foi suplente e depois assumiu, mas não chegou a ser eleito, se não me falha a memória.  Parabéns ao Telmo, protagonista de um feito histórico! A população de Taquara demonstrou mais uma vez vontade de renovação, ao mudar o partido que governará o município como também mudar a maioria dos vereadores eleitos. Em 2008, de nove vereadores, quatro se reelegeram. Agora, em 2010, de nove, apenas três se reelegeram, desconsiderando suplentes que assumiram ao longo do mandato.  Que esta demonstração de insatisfação sirva aos próximos vereadores, para que tenham um cuidado maior com o desempenho da sua função, principalmente, se desejam manter a aprovação da população. Se cometi algum equívoco, ao longo destas curiosidades, peço desculpas e me corrijam. Meus parabéns a todos os eleitos e votos de mandato repleto de bons resultados!

Pelo cargo ou pela cidade?

Estamos há alguns dias das eleições municipais e assistimos a um verdadeiro “show de ofertas”, em que os candidatos e seus correligionários oferecem de tudo para conquistar o voto. Mas será que tal anseio é de fato movido pelo amor à cidade ou será amor pelo cargo? Ficamos com um “pé atrás” e uma “pulga atrás da orelha”, conforme o dito popular, porque depois das eleições os candidatos que tiveram pouco “sucesso nas vendas”, não se elegendo, se silenciam por mais quatro anos, quando remontam suas “vitrines”.  Encerrado o pleito, não se vê os antigos candidatos com uma atuação na intensidade com que prometiam e declaravam amor pela cidade. Já que, enquanto candidatos, se diziam preparados para legislar e fiscalizar, por que como cidadãos não exercem uma cidadania verdadeiramente engajada? Não precisa ser vereador para fiscalizar e cobrar. Esta dúvida talvez seja comum a muitos e esteja aí um dos motivos porque tantos eleitores não se sentem confiantes para votar. Fico surpreso com a quantidade de pessoas que me dizem que votarão em branco ou anularão o voto, simplesmente porque não acreditam no discurso dos candidatos à prefeito e à vereador. Outro motivo do ceticismo  é o discurso repetitivo que iguala praticamente todos. É trabalhar pelo crescimento e desenvolvimento da cidade, é tornar a cidade uma referência em saúde, e por aí segue. Não apresentam as estratégias e os meios pelos quais vencerão os obstáculos, principalmente o problema das limitações financeiras e do comprometimento político firmado durante a campanha. Estes compromissos, muitas vezes, impedem que pessoas especializadas em determinado setor, e com mais capacidade técnica,  assumam o cargo com a autonomia e a qualidade necessária para implementar as reformas indispensáveis.  Faço torcida para  que a maioria dos candidatos estejam participando do pleito eleitoral por amor à cidade, já que a  cidade permanece e o cargo passa. Veremos,  tão logo as eleições acabem!

Eventuais causas para a falta de planejamento

É sabido que planejar aumenta as chances de chegar onde se espera. E quanto mais complexo for o que se espera, mais imprescindível será planejar.  Mas por que resistimos tanto ao planejamento, preferindo sair fazendo do que planejar? Não será por ansiedade? Acho que é muito mais por comodidade. No Brasil podemos considerar algumas motivações históricas. Os portugueses, por exemplo, aqui só executavam as determinações da corte, porque o plano era feito lá fora. Há também influências psicológicas. O brasileiro, dócil, bem humorado, gênio do jeitinho , é refém das circunstâncias, acreditando que na última hora tudo se resolve, por si, por ordem do além ou do acaso.  Realmente, não temos o hábito e a cultura de planejar, tanto no âmbito público (Município, Estado e País), como privado (empresa). Acredito que temos uma tendência à preguiça, ao aparentemente mais fácil. E isso não é só brasileiro, é humano. Pensar, definir prazos e metas aparentemente dá mais trabalho do que agir simplesmente. Pensar pode ainda fazer com que recuemos na ação que num primeiro momento era mais apetitosa e desejada. Tendemos mais a ação e reação do que a reflexão. O problema disso é que raramente chegamos ao melhor lugar sem um bom planejamento. O desperdício, causado por ações não planejadas, também é muito maior do que quando planejamos adequadamente. Claro que o excesso de planejamento ou o planejamento inútil (burocracia por burocracia) pode limitar a criatividade, mas se realizado com coerência vai gerar ganhos de tempo para o momento da criação e da invenção. Justamente um tempo que muitas vezes falta pelo excesso de re-trabalho. Fazer de novo e repetidamente, até dar certo é uma consequência muito mais provável quando não se faz planejamento. Temos ainda um outro problema causal, somos muito resistentes à mudança, a menos que estejamos pressionados pela coerção ou tentados pela sedução de um bem maior e de uma recompensa Então, fica a pergunta, como quebrar esta tendência histórica e humana de resistir a um bom planejamento? Se porventura o lucro ficar mais difícil, talvez o empreendedor se conscientize que o planejamento é indispensável e, para isso, o primeiro passo é ir atrás de conhecimento. Na esfera pública, o planejamento só vai virar um hábito, se a população ativa pressionar e a visão de longo prazo passar a ser compreendida por todos. O país e as empresas precisam de planejamento!

A volta da Ágora no Paranhana

Por mais paradoxal que pareça, repetir iniciativas do passado poderá sim representar uma grande evolução. Isso porque evolução não se resume em criar o totalmente novo, aquilo que jamais foi produzido. Podemos inovar com o velho, sem sua destruição, e promover assim uma evolução, que represente também uma revolução, dependendo da proporção do feito. O Encontro com os candidatos a prefeito na praça, promovido pela Agenda Paranhana 2020, é uma tentativa de trazer de volta a velha Ágora. Nas praças da Grécia antiga, há mais de 2000 anos, ocorriam reuniões onde os gregos, principalmente os atenienses, discutiam assuntos ligados à vida da cidade (pólis). Ágora era o nome que se dava às praças e os gregos podiam decidir sobre temas ligados a justiça, obras públicas, leis, cultura,… Também era uma espaço público de debates e exercício da cidadania onde a população podia ouvir seus governantes e tomar decisões através do voto direto. O Encontro com os candidatos na praça, feito de forma democrática e organizada no Vale do Paranhana, demonstrou que há cidadãos dispostos a participarem do processo, apesar do desgaste existente quanto ao grau de seriedade dos políticos e governantes do nosso país. O público superou as expectavas. Os candidatos também deram uma demonstração de comprometimento, na medida em que responderam positivamente ao convite, firmaram o compromisso com itens considerados essenciais para o desenvolvimento, através do discurso e do ato de assinatura do Termo. Todos eles foram explícitos ao afirmarem que irão governar elaborando seus planejamentos estratégicos e irão fazer uma gestão de qualidade, para a qual o planejamento é considerado indispensável. Se o ceticismo, decorrente do que se vê na política, é uma postura prudente, uma pitada de esperança pode não ser tão imprudente. Diante do que aconteceu na praça os cidadãos do Paranhana possuem mais um instrumento para medir até onde vai o grau de comprometimento e seriedade de seus governantes. A Ágora não vai retornar como nos tempos da Grécia antiga. Os tempos mudaram, mas o princípio da participação popular, do compromisso firmado e assinado e da transparência, quando os governantes deverão usar a praça como local de prestação de contas são motivos suficientes para o ressurgimento de uma Ágora do século XXI. Uns podem pensar que podemos ter a Ágora digital onde a reunião dos cidadãos com seus governantes se daria pela Internet, mas, por enquanto, são poucos com acesso, além do que o calor da presença ainda não é insubstituível. Claro que a pontualidade, a organização e a objetividade são aspectos importantes que o Encontro com os candidatos soube demonstrar e não devem faltar nos próximos Encontros na Praça. Vamos ficar atentos aos eleitos para que iniciem uma gestão verdadeiramente participativa e comprometida com a adoção de um modelo de excelência. Vamos aguardar que a população e as lideranças participem concretamente e a nova Ágora passe a ser uma rotina democrática.

Vamos pra praça!

Não é necessário ser prefeito para saber dos desafios e das dificuldades de comandar uma prefeitura que atenda as demandas de uma cidade. Também é do senso comum que um prefeito não vai conseguir fazer tudo e atender a todas as necessidades da sua comunidade, até porque nem todas as demandas tem a mesma importância. E não dá para fazer tudo por limitações de recursos, financeiros, especialmente. E se não dá para fazer tudo é necessário eleger prioridades, com destaque para as consideradas estruturantes, como é a educação, a saúde e a infra-estrutura. Para eleger prioridades é preciso elaborar o que se chama de planejamento estratégico, onde aparece com detalhes o que fazer, por que fazer, como fazer, quando fazer, por quanto e em quanto tempo fazer. Elaborado o planejamento, em conjunto com os setores da comunidade, virá a decisão de quais projetos e processos deverão ser priorizados e implantados. Nos tempos modernos não há país que se desenvolve sem planejamento estratégico, vejamos a Korea. Não há estado, não há cidade, que possa se desenvolver de forma sustentável sem um planejamento bem feito. No próximo sábado, em Taquara e Parobé, e nos sábados subsequentes, em Igrejinha, Três Coroas, Rolante e Riozinho, os candidatos a Prefeito destes municípios irão assumir o compromisso de construírem o planejamento estratégico das suas cidades, no ano que vem. O evento de nome Encontro com os Candidatos na Praça, remete aos tempos da Grécia antiga onde os cidadãos tomavam decisões nas praças. Várias entidades da região estão à frente da iniciativa e aproveito para convidar mais uma vez a todos que se preocupam com o futuro da sua cidade e sabem da importância de manifestar publicamente a sua vontade. No sábado dia 15 o evento acontece as 9h30 na praça Mal. Deodoro em Taquara. No mesmo sábado, as 11h acontece em Parobé, na praça 1º de maio. No dia 22, as 9h30 será a vez de Igrejinha e as 11h em Três Coroas, nas praças centrais. No dia 29, as 9h30, será em Rolante, reunindo também os candidatos de Riozinho. Mais uma vez convido a todos para lotarmos as praças.

Rouba mas fez

Não causa mais surpresa denúncias de envolvimento de gestor público com corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Também não causa muita surpresa os acusados não serem presos, ou porque acabam sendo absolvidos numa dentre as dezenas de instâncias existentes, ou porque são primários, ou porque encontram uma justificativa que foge do conhecimento de nós leigos e, portanto, pela nossa ignorância acaba sendo irrefutável. Agora, o que ainda me causa surpresa e indignação é o surgimento de um novo princípio que absolve o crime com comentem estes gestores que se apropriam ilegalmente do direito público. O princípio é: se roubou é porque fez. Pasmem, isso foi dito por uma cidadã de Parobé em meio não a simples rumores, mas uma ação de busca e apreensão que se deu na manhã desta segunda-feira, dia 3 de setembro, por iniciativa do Ministério Público e ordem do Tribunal de Justiça do estado do Rio Grande do Sul. Fiquei pasmo, porque dito isso se pode concluir, sem margem de erro, que a roubalheira já virou banalidade. O “rouba mais faz” ficou conhecido entre os paulistanos e bahianos quando defendiam as administrações de Maluf e ACM. Para a cidadã, e outras e outros, roubar está além do bem e do mal. Virou regra, princípio. O fato de roubar é indiferente. O que faz a diferença é se além de roubar fez alguma obra, algo de bom para a população. Isso é o cúmulo da resignação, da inversão de valores. É sinal de uma nova barbárie. Quem pensa assim não só autoriza o roubo dos que governam, como também está se autorizando a roubar, até porque, em primeira instância, aquele que governa representa a vontade popular. Tomara que os poderes da justiça se façam valer e rompam com o que não é mais uma tendência, mas uma realidade pura e crua: a banalidade do roubo na esfera pública que se instalou na sociedade brasileira e extrapolou as fronteiras de São Paulo e da Bahia.

Vereança: profissão ou representação?

O assunto remuneração de vereadores, apesar de antigo, ainda incomoda muita gente. Em época de eleição a obstinação dos candidatos pelo cargo chama a atenção dos mais “ligados”. É como se estivessem na corrida por uma vaga ao emprego e, pelo que se sabe, a vereança é uma representação e não uma profissão, a menos que já tenha sido regulamentada, sem o aval dos cidadãos que em sua grande maioria condenam tal distorção. Para confirmar o quanto a remuneração está no primeiro plano dos candidatos, basta interrogá-los se concordam em lutar pela redução dos proventos, caso eleitos forem. Há cidades que fogem do padrão, que já é alto, quanto ao exagero da remuneração. Tomamos as dores destas cidades que não merece tamanho desamor de seus representantes máximos, no caso, os vereadores. O salário do vereador é desproporcional ao contexto destas cidades, que possuem escassez de recursos. É uma questão de coerência. O problema econômico pode ser avaliado pelo pib percapita municipal. A profissão de vereador é aquela que oferece a maior remuneração por hora do mercado. É maior do que a de um professor universitário com mestrado e doutorado. É maior que a de muitos médicos. E não conseguimos encontrar justificativas para tanto. Em épocas passadas a atitude era outra. Perguntem aos vereadores mais antigos, de duas ou três décadas atrás. Eles não recebiam praticamente nada e, nem por isso, produziam menos e com menor qualidade. Penso que aqueles que desejam se dedicar as suas cidades, na condição de vereadores, poderiam fazer com pretensões salariais menos ambiciosas. E para coroar a gloriosa passagem pela Casa, poderiam se comprometer a reduzir seus proventos a patamares de um ou dois salários, considerando que mais da metade dos municípios do Brasil não possuem vinte mil habitantes. Há casos, entre eles Taquara, minha cidade natal e visceral, que o salário reduzido em 50% representaria uma economia em torno de R$ 450.000,00 por ano e R$ 1.800.000,00 nos quatro anos de mandato. Taquara querida merece e seus cidadãos agradecem! Acredito e ainda aguardo pelos destemidos candidatos!

"Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal." Oscar Wilde