Saúde: o que está ruim pode piorar.

No último dia 21 aconteceu o Fórum da Saúde promovido pela Agenda Paranhana 2020. Os fóruns tem como objetivo principal analisar a situação dos vários temas estratégicos da Agenda, com base em indicadores, para então discutir os projetos e as ações que visam melhorar tal situação. No caso da saúde, chama a atenção dois pontos que podem passar desapercebidos. O primeiro é que não há a integração necessária entre os agentes da saúde. Os três hospitais, representados no Fórum, quando perguntados se alguma vez haviam se reunido para discutir problemas e soluções comuns, calaram-se reconhecendo que os encontros não são uma prática normal. Nos últimos tempos, é bem provável que isso não ocorreu. Esta falta de integração, que perpassa a sociedade como um todo, acaba enfraquecendo ainda mais o poder já limitado de cada instituição. Ao mesmo tempo, impressiona o fato de todos apontarem a integração como essencial para a conquista do que se espera. Agora por que fora do discurso isso não acontece? Esta é uma pergunta que exigiria um verdadeiro congresso filosófico e psicanalítico, mas enquanto não ocorre, vale a iniciativas da CICS-VP que em muitos momentos vem conseguindo reunir partes interessadas responsáveis pela gestão e eventuais mudanças. O segundo ponto que chama a atenção é a convicção dos especialistas que estavam presentes no Fórum de que a situação da saúde em termos de estrutura de atendimento hospitalar irá piorar. Na medida em que o hospital regional dispor de mais condições de atendimento, dentre os quais a UTI, a demanda que está reprimida fará com que o hospital chegue imediatamente a um esgotamento, visto que por lei tem a obrigação de receber pessoas de todo o estado. Não será surpresa se os corredores do hospital alojarem pacientes. Engana-se quem pensa que a abertura da UTI resolve os grandes problemas da saúde pública. A regulamentação da Emenda Constitucional 29 é uma necessidade urgente para começar a tirar os hospitais da UTI. Um investimento em mais leitos especialmente em Taquara e Parobé também se faz necessário, além, de políticas que evitem que as pessoas procurem os hospitais quando não é o destino indicado, prejudicando aqueles cujos casos são de complexidade são maior. Tomara que o Fórum tenha os desdobramentos que se espera, pelo menos dentro do limites da esfera municipal. Que os hospitais adotem um modelo de gestão, quem sabe com base no PGQP. Que as secretarias municipais também, seguindo o exemplo da secretaria de saúde de Três Coroas. E que os hospitais consigam definir estratégias de atuação subsidiados pelos agentes públicos e o Paranhana sirva de exemplo positivo para todo o Estado, começando pela redução drástica dos translados de pacientes para Porto Alegre.

Marcos Kayser

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