Desconheço detalhes do contrato de concessão da rodovia ERS115 do governo para a empresa Brita. Mas não é preciso conhecê-lo para saber que o Estado não pode se eximir do papel de fiscalizar a rodovia e se ela esta suficientemente segura para os seus usuários. Há muito que os motoristas que trafegam pela ERS115 entre Três Coroas e Gramado, percebiam o risco no local em a estrada cedeu, culminando no sua interdição. O governo na hipótese mais amena tem a co-responsabilidade já que tem o dever da fiscalização e o poder da intervenção, que acaba não exercendo. De quem não tem a cultura do planejamento estratégico não se pode esperar planos e medidas preventivas, pois sem planejamento a visão de futuro simplesmente inexiste e, por conseguinte, não se faz gestão de riscos. No Brasil são poucos o que já compreenderam isso. Com muito orgulho, por se tratar de uma entidade nossa, a CICS tem esta compreensão e prova disso é o trabalho que faz já há 5 anos coordenar a Agenda Paranhana 2020. Na Agenda estão objetivos e projetos estratégicas que não começam e se encerram no curto prazo mas se estendem por muitos anos. Mais especificamente com relação a infraestrutura e rodovias, há na Agenda dois projetos de duplicação de rodovias incluídos há alguns anos atrás, prevendo situações como esta ocorrida na ERS115. Congratulações a CICS por acreditar que o sucesso da região depende de um planejamento estratégico e pela perseverança quase solitária nesta empreitada. E neste episódio da ERS115 a CICS foi singular, vencendo a inércia tão comum nos dias de hoje e pedindo providências ao Ministério Público. Aqui tenho uma dúvida quanto ao funcionamento do MP: caso com tamanha evidência carecem de um pedido formal que burocratiza e atrasa?. Não é por acaso que o trabalho da CICS mereceu destaque no editorial do Jornal Zero Hora (Grupo RBS). É hora de reconhecer que finalmente temos uma entidade que pensa e age em defesa da sociedade regional. Já foi assim com a elevada da RS239 que tinha um problema estrutural e não andava. Por que será tão difícil apoiar e aplaudir quem é de casa? Será conflito de interesses? Disputa de egos? Inveja? Se for, é burra, e o sonho de ser uma região de primeiro mundo não sairá do mundo da pura utopia.
Marcos Kayser